AVLSC – Vôo Livre Sertão Central – Quixadá

AVLSC – Vôo Livre Sertão Central – Quixadá

Em meados dos anos 90, o jovem Antônio Carlos Sousa de Almeida resolveu se aventurar fora de casa. Natural de Fortaleza, ele escolheu seguir para Quixadá, no sertão central cearense, em busca de um sonho antigo: voar de parapente aproveitando os fortes e constantes ventos da região. E deu certo. Aliás, deu muito certo! Almeida, como é conhecido, concluiu o voo e nunca mais deixou a cidade, nem o esporte. Montou uma pousada e viu de perto a transformação do distrito de Joatama, em Quixadá, que passou a ser conhecido mundialmente como um dos melhores lugares para a prática de voo livre do planeta. “Quixadá é o Havaí do voo livre, porque tem as melhores ondas que, no caso, são os ventos entre os meses de setembro e dezembro, todos os anos”, explica Manoel Artemir da Costa Soares Júnior, presidente da Associação de Voo Livre do sertão central. Artemir conta também que Almeida foi um dos responsáveis por essa descoberta e transformação. “Foi ele quem começou tudo isso. Ele é piloto e até hoje é envolvido com o esporte e com a comunidade”, diz. “Eu fico feliz de fazer parte desse processo porque hoje a gente recebe pessoas de alto nível aqui, preocupadas em conservar, ajudar e que se sentem bem com a nossa acolhida”, conta Almeida.

Hoje, mais de 120 estrangeiros frequentam Quixadá para voar de parapente ou asa delta em busca de recordes pessoais e das categorias, aproveitando todas as características favoráveis da região. Isso sem falar nos brasileiros que também visitam muito a cidade e buscam atingir novas marcas. Alguns passam o dia inteiro voando embalados pelo vento, chegando a percorrer até 450 quilômetros de distância. “Em qualquer lugar que a gente pousa, sempre tem alguém muito solícito recebendo a gente bem. São pessoas que não conhecem a gente, mas oferecem água, ajuda, comida, e até a própria casa para que possamos tomar um banho e dormir. Isso é incrível, nunca vi pessoas tão hospitaleiras como as daqui”, comenta a piloto Joanna Di Grigoli. Ela tem 38 anos e é recordista sul-americana de voo livre. Há duas temporadas, frequenta o Distrito de Joatama e explica por que os ´gringos´ se envolvem e ajudam a comunidade local. “Os europeus, em especial, chegam aqui e encontram uma realidade muito diferente da deles, onde algumas famílias não têm as necessidades básicas atendidas e estão sempre sorrindo. Aí os pilotos acabam doando muita coisa de roupa e dinheiro para ajudar o povo daqui também”, revela.

E as doações viraram hábito. Parceria que se fortificou e se organizou ainda mais do ano de 2013 para cá, quando foi criada a Associação de Voo Livre do sertão central, presidida pelo Artemir e que tem o apoio da Prefeitura de Quixadá. A Associação tem hoje 35 sócios ativos, engajados no objetivo de fortalecer o esporte, treinando, capacitando e regularizando pilotos, e introduzindo ainda mais a comunidade nas atividades do voo livre. “Aqui fazemos um trabalho com os melhores alunos do ensino público, dando a eles um curso de graça para eles aprenderem a voar e se apaixonar pelo esporte”, diz Artemir.

Além disso, outras ações sociais são promovidas em parceria com a Be Free Be Flatlanders, que é uma associação suíça que atua em Joatama, promovendo melhorias para a comunidade. “Joatama tem 4 mil habitantes e a gente sempre faz algumas ações para esse povo, como o Natal Solidário, que reúne cerca de 800 crianças da região”, conta Artemir. Ele revela ainda que, em Joatama, existem 17 pilotos habilitados para voar, e quase todos utilizam equipamentos próprios que foram doados por estrangeiros. E a educação também é muito importante para os quem vêm de fora do país e, por isso, os ´gringos´ sempre fazem campanhas e doações para melhorar a estrutura da escola em Joatama e incentivar outros esportes alinhados ao ensino.

Se você quer conhecer mais sobre as boas ações de estrangeiros e brasileiros em Quixadá, a terra do voo livre, visite a cidade.

fotos: Eurismar Júnior  Vôo Livre em Quixadá / Divulgação

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