Durante muito tempo, o bairro Cajazeiras, localizado em Fortaleza, estava dividido. Quem morava na área B não podia entrar nas áreas A, C e D, e isso valia para todos. A partir de 1996 isso mudou quando Ronaldo Lima, um apaixonado por futebol, resolveu unir o esporte com a vontade de transformar a vida dos jovens do lugar onde mora desde criança. Ele criou, então, a Sociedade Esportiva Cajazeiras – Projeto Social Atleta Nota 10, uma Organização Não Governamental esportiva.

O Projeto Atleta Nota 10 atende jovens de 7 a 17 anos. Os jovens recebem suporte técnico, físico, nutricional e psicológico. O objetivo é garantir a cidadania deles, além de ser uma oportunidade para lutarem por seus sonhos.

Em mais de 20 anos, o projeto já participou de diversos campeonatos em todo o Brasil, inclusive competições sul-americanas, e trouxe muitas vitórias. No começo, só fazia jogos e amistosos no bairro e adjacências. Foi quando aconteceu, em 2010, no Piauí, a Copa do Nordeste de Futebol de Base. Os jovens conseguiram ir depois de muito esforço, mas valeu a pena. Além de conquistarem o terceiro lugar, receberam convites para participar de competições no Sul e Sudeste.

Em 2012, trouxeram o título da competição Sub-17 da XXVIII Copa Sul-americana de Futebol de Base, que aconteceu na cidade de Valparaíso, em São Paulo, onde jogaram com times de diversos países da América Latina.

“O mais legal de tudo, além dos títulos, é a formação que os meninos têm. Alguns estão bem no futebol, mas a grande maioria está bem na escola. Tem também casos de atletas que não foram bem no futebol, mas, hoje, são médicos, advogados, engenheiros, e isso é o mais gratificante, porque sempre tem que ter o plano B e o plano C. O estudo está caminhando junto com o esporte”, conta Ronaldo.

Para fazer parte da Sociedade Esportiva Cajazeiras, não é cobrada nenhuma taxa. A única exigência é que o atleta esteja matriculado e frequentando regularmente a escola. Segundo Ronaldo, existe um acompanhamento, inclusive, do rendimento escolar. Com a adesão, os atletas são cadastrados e recebem a carteirinha do clube.

A participação da família nesse processo também é valorizada. Mensalmente são realizadas reuniões com os pais e oferecidas palestras abordando temas relevantes da atualidade. “Hoje eu vejo uma diferença muito grande, melhorou muito o relacionamento deles com os pais. Os pais já os respeitam mais e eles respeitam mais os pais”, destacou.

Os filhos de dona Socorro Rebouças participaram do projeto logo no começo, quando tinham 16 e 17 anos. Atualmente, estão com 36 e 37 anos de idade. Para ela, o projeto foi muito importante para o desenvolvimento deles. Socorro destaca ainda que, se esse trabalho ganhasse mais atenção e apoio do governo, seria melhor ainda, porque tira as crianças da rua e utiliza os espaços do bairro de forma eficaz, que são para os jogos. Ela manda um recado para outras mães ou responsáveis: “é importante ocupar o filho no esporte para ele não procurar coisas erradas”.

Para os atletas Luan Feitosa e Samuel Oliveira, ambos com 16 anos, Ronaldo é um bom amigo e em alguns casos até um pai para eles. O primeiro foi convidado pelo próprio idealizador para participar do projeto. Uma vez precisou de chuteiras e as ganhou dele. “O Ronaldo é um cara que sempre procura nos dar carinho, sempre nos ajuda mais e mais”, conta. Samuel conheceu o projeto Atleta Nota 10 aos 14 anos, por meio de um amigo. Ele sonha em ser jogador. Não desistir dos sonhos e correr atrás do que gosta é o seu conselho para outros jovens.

“O projeto deu a essas crianças e adolescentes a esperança de voltarem a sonhar novamente. Isso que é o mais gratificante de tudo”, diz Ronaldo orgulhoso e motivado a continuar com esse trabalho.

O Projeto Atleta Nota 10 se mantém com doações de amigos, além de rifas e bingos feitas com o apoio dos alunos atletas e dos pais e desportistas.

Entre em contato com o Projeto Atleta Nota 10 e saiba como ajudar:

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