O amor e a dedicação à dança sempre fizeram parte da vida de Anália Timbó, professora, bailarina e coreografa cearense que sabe que a arte pode transformar a vida das pessoas. Do interior para a cidade grande, mais precisamente para Barra do Ceará, ela e mais dois irmãos tiveram a oportunidade de frequentar em 1974, a Escola de Dança do SESI (Serviço Social da Indústria), uma iniciativa pioneira no ensino de dança para classes populares. Os primeiros passos logo se tornaram amor, ou vocação, quando Anália deixou de ser aluna e foi dar aula na própria instituição, transmitindo o que aprendeu para outras crianças e adolescentes, filhos de operários e, geralmente, moradores de comunidades carentes de Fortaleza.
E foi graças a essa experiência pessoal que a criação do Grupo Vidança, hoje Associação Vidança Companhia de Dança do Ceará, foi um caminho tão natural na vida da bailarina e professora. Para ela, a ideia era bastante simples: fortalecer a identidade cultural do Ceará, ao mesmo tempo em que todas essas manifestações artísticas pudessem chegar de alguma forma, para o maior número possível de pessoas, por meio do diálogo quase que indissociável entre arte e dança. “Eu queria dançar e fazer dançar todas as crianças na qual eu dava aula. O SESI era maravilhoso, mas eu queria ter mais autonomia para dançar em outros lugares, de participar dos encontros, festivais e de ir para as praças. Foi daí que o Vidança surgiu”, explica.
Assim, a ideia de levar a sua experiência, sempre com muito afeto e profissionalismo, para aqueles que mais precisam se transformou em luta diária. Além do ballet clássico, o projeto também realiza atividades voltadas para danças dramáticas, laboratório de criação cenográfica, dança criativa, alongamento, consciência corporal, além de criações literárias, capoeira, hip-hop, percussão, carpintaria e corte costura, entre outras ações, para crianças, adolescentes e adultos moradores do bairro Vila Velha e adjacências.
E nesse caminho todos são protagonistas de suas próprias histórias, construindo e realizando sonhos possíveis. Na Vidança, que atende em média 200 alunos por ano, todos participam ativamente de cada atividade proposta, que, de alguma forma, possuem uma unidade bastante específica. Isso porque, anualmente, o projeto promove um espetáculo aberto ao público, onde tudo é produzido e pensado por eles, da coreografia aos figurinos, passando ainda pelos instrumentos musicais e cenários.
Até por isso, a Vidança é aberta para todos. As crianças que lá chegam não precisam passar por testes, pois Anália Timbó acredita na importância de elas estarem em um local onde possam fazer o que quiserem, sem restrições. “A Vidança é como se fosse minha segunda casa. Eu tenho aqui uma outra família”, resume bem a pequena Ana Paula, de 10 anos, que também viu seu desempenho na escolha melhorar . Além disso, o projeto também recebe adultos, homens e mulheres que acabam aprendendo um ofício enquanto trocam experiências e outros saberes, como é o caso do Retalhos da Vida, que ensina aos alunos a arte da costura.
Estimular a criatividade e o aprendizado, além da própria troca de experiências entre todos os que fazem parte da Vidança, tem gerado resultados que dão orgulho para Anália Timbó. Todos os professores, com exceção do instrutor de flauta e violão, foram formandos na própria Associação. É o saber que sempre se renova, transformando tantas vidas ao longo dos anos. “Eu cresci aqui, estou aqui e para mim é muito gratificante ensinar na Vidança, repassando todo aquele amor que eu recebi e recebo a cada dia para as crianças”, diz Vanda Januário, professora de dança e de contação de histórias.
A vida fica melhor com a dança, como costuma frisar Anália Timbó. E é assim que, ao realizar o seu grande desejo de ser artista, acabou modificando a realidade de outras pessoas ao longo desses 35 anos de projeto. “A arte possibilita, facilita, ajuda, leva a gente a querer ser. Leva a gente a criar”, finaliza.
Mais informações:
(85) 3262-7599
vidanca@vidanca@org
Endereço: Av. L, nº 400 – Conjunto Nova Assunção Vila Velha III – esquina com a Rua Quixadá Felício, Fortaleza, Ceará