Os dias de treino são bem parecidos. Os jogadores mal chegam e a movimentação já começa, são muitos burburinhos, cumprimentos, conversas e brincadeiras em meio a uma série de aquecimentos e muita ansiedade para começar logo a chutar a bola.

Tudo normal para um rotineiro treino de futebol. Mas esse treino é, na verdade, da ADESUL, a Associação D’eficiência Superando Limites, que trabalha dentro do cenário estadual e nacional, visando a inclusão desportiva de deficientes físicos através do esporte, como o futebol de 5, power soccer e futebol de amputados, sendo a única no Ceará que trabalha com essas modalidades.

Além do trabalho esportivo, a ADESUL também acaba trabalhando com o emocional dos jogadores, pois, para quem perdeu uma perna, como é o caso de grande parte deles, a vida pode parecer que chegou ao fim. A própria sociedade, por vezes, impõe uma incapacidade ao sujeito, levando-o a crer que não possui mais potencial para se superar.

No entanto, ao pisar no gramado da associação, usando muletas, o deficiente consegue vislumbrar uma nova perspectiva de vida e a possibilidade de mostrar o que ele tem de melhor, driblando o preconceito e retirando toda a carga emocional em campo.

De acordo com Felipe Catunda, presidente e fundador da entidade e técnico da modalidade de amputados, a missão da ADESUL é mostrar que os jogadores são capazes, por isso a entidade trabalha a potencialidade de cada um e, principalmente, acredita neles e no que eles podem fazer de melhor.

Felipe ainda acrescenta dizendo que “o trabalho que faz, transforma”. E não é mentira. Atualmente, 30 atletas fazem parte da associação, alguns em iniciação e outros em alto rendimento, e, recentemente, a equipe foi campeã na II Copa Nordeste de Futebol de Amputados e, além da gratidão em ganhar, ele conseguiram mostrar que a equipe tem potencial. Faltava apenas essa oportunidade para que eles pudessem se apresentar de uma forma completa.

Emerson Soares, artilheiro do time, é um dos que não se deixou abalar pela perda da perna. Segundo ele, é complicado pela dificuldade financeira do time e da falta de patrocínio, mas que eles não podem parar. Por isso buscam diariamente se posicionar e mostrar suas capacidades. Ele ainda ressalta: “Minha vida é melhor agora do que antes do acidente”. E, apesar dos olhares de parte da sociedade, eles não se sentem diferentes das outras pessoas. Reinael Claretino, volante do time, afirma que eles são iguais e acrescenta dizendo: “A vida é curta, a qualquer momento ela acaba, é preciso aproveitar ao máximo”.

Cada um desses jogadores sabe o que passou para estar ali e o simples fato de ser visto já muda totalmente a vida deles. Por isso a ADESUL sabe como cobrar cada um, pois ela entende o sentimento deles como ser humano e o que eles podem oferecer de melhor para o time.

O projeto é sustentado apenas de doações de empresas ou pessoas comuns, através de patrocínios e de pedágios feitos pelos próprios integrantes do time, que não recebem nenhum salário para jogar e, também, não precisam pagar para participar.

Se você deseja ajudar a ADESUL através de doações, indicar alguém para ser voluntário da entidade ou participar de algumas das modalidades disponíveis, é só entrar em contato através da fanpage no Facebook ou através do telefone. O deficiente físico pode praticar o esporte de acordo com a sua limitação, mas no local também é oferecido o trabalho de reabilitação, integração social e alto rendimento em competições, contando com 8 voluntários que trabalham com profissionalismo, carinho e um olhar diferenciado para quem precisa.