Uma pessoa deficiente pode ter várias restrições. Não no esporte. O projeto “A Maré Vida”, que nasceu na Praia do Futuro, em Fortaleza, mostra que uma pessoa pode conseguir surfar sem nenhum tipo de limitação e restrição. E o melhor? De forma gratuita.
O projeto começou com a união de três profissionais, Gustavim, dono da escolinha PF Surf School; Camila Lima, médica acupunturista; e Raíssa Forte, educadora física. Eles uniram o seu amor pelo esporte com o desejo de compartilhar esse sentimento com pessoas com deficiência.
“Quando eu vi o Mecim (Emerson Martins, surfista tetraplégico) na água pela primeira vez, tenho certeza que saí com alguma coisa diferente dentro de mim. Porque você vê um negócio teoricamente tão absurdo que pra mim era tão difícil de imaginar. Vê-lo na cadeira de rodas, sem conseguir se vestir, precisando de ajuda e depois vê-lo dentro do mar, solto, feliz, parece um peixe, pensei: ‘Eu tava reclamando de quê mesmo? Eu tava dizendo que não podia fazer o quê?’”, conta Camila.
Outro aluno do projeto, Rafael Saraiva era surfista antes de sofrer um acidente de moto que o fez perder a perna. Foi com o apoio de amigos que ele se reergueu e reencontrou a sua paixão pelo esporte.
“Eu tinha um certo receio de sair de casa, porque minha perna atrofiou e tive que usar a gaiola. As pessoas me viam e falavam: ‘Ô o bichinho, o que foi que ele fez pra ele sofrer tanto?’. Eu começava a chorar no meio da rua quando eu ouvia aquilo. As crianças apontavam. Eu vim pro projeto achando que não dava certo, mas não vi nada disso aqui, eu encontrei uma família”, desabafa.