O passado é combustível para acelerar o futuro de jovens cearenses. Assim, Paulo Maninho encara a vida. Ele é professor de jiu-jitsu, faixa preta e um batalhador. Ensina o esporte hoje a dezenas de crianças, jovens e até adultos do Conjunto Ceará e bairros vizinhos de Fortaleza. A paixão pelo jiu-jitsu é tão forte quanto o amor pelo próximo e isso fica claro ao conhecermos a história de vida dele: “Eu era pequeno e não tinha condição financeira, mas ganhei um kimono e comecei no esporte. Aí pensei em fazer o mesmo quando pudesse, quando tivesse condição de dar aula, kimono, tudo de graça pra ensinar o jiu-jitsu e sua filosofia”, nos conta Maninho. E o motivo que o levou a procurar o jiu-jitsu? Ele responde sorrindo: “Eu era muito magro e franzino. Na escola, vivam tomando a minha merenda. Aí decidi procurar o jiu-jitsu para me defender. Sempre ouvia que esse é um esporte onde os fracos podem vencer os fortes e sigo com ele até hoje”, revela. Ele conduz um projeto social ao lado do amigo Neto Oliveira, também professor e faixa marrom de jiu-jitsu. O Pitbull Brothers Fortaleza é uma escola de jiu-jitsu e um projeto social que nasceu da junção de outras duas ideias. “Eu tinha um projeto numa escola onde dava aula para a garotada e o Maninho tinha um projeto dele. A gente resolveu juntar as forças para fazer o bem e deu certo”, explica. Neto também sempre gostou da ideia de repassar o conhecimento no esporte que ele aprendeu com um irmão.
Uma das maiores lutas deles é manter o projeto vivo, ajudando os alunos apesar de todas as dificuldades financeiras. “A gente mantém tudo aqui na base da fé e da graça. Não temos ajuda financeira de nenhum patrocinador ou do poder público e, pra nos virarmos, fazemos rifa, bingo e algumas festas para arrecadar dinheiro”, desabafa Maninho. Por vezes eles até colocam a mão no bolso para ajudar algum aluno que passa por dificuldade em casa. Mas eles não desanimam com isso, não. “Esse projeto é a minha alegria. Poder ver resultados como o de um menino que usava drogas no passado e hoje é respeitado no MMA, é pai de família e mora nos Estados Unidos, não tem preço. Ou um aluno que deu a volta por cima na vida e hoje dá orgulho para a mãe e o pai, isso motiva. São vários exemplos”, conta Maninho. Sentimento que é compartilhado com o amigo Neto: “O que mais me motiva é ver o sorriso no rosto de quem faz aula comigo. É o fato de poder ajudar as pessoas, de vê-las unidas por causa do esporte. Isso é bom demais”, fala Neto Oliveira.
E um exemplo de união, citado pelo professor Neto, está na história do seu Francisco Sávio e do filho dele, o estudante Samuel Moura. Seu Francisco sempre trabalhou muito como mecânico eletricista para sustentar a família e, no tempo em que ficava em casa, se dedicava a tentar melhorar a relação com o filho. “Nossa relação era muito ruim, não havia diálogo porque ele era muito fechado. Eu tentei um estímulo através de desenhos, arte, mas não conseguia me aproximar dele”, conta, emocionado. “Eu era danado mesmo, aprontava na escola, faltava com respeito com as pessoas, e no esporte melhorei. No jiu-jitsu, a gente aprende a respeitar, a ter hierarquia e a ser alguém melhor”, reconhece Samuel. O pai dele, notando algo diferente no comportamento do filho, decidiu ver de perto como eram as aulas do novo esporte em que Samuel havia iniciado. Seu Francisco foi até a sede do projeto Pitbull Brothers e se encantou com a ideia de sair do sedentarismo e ganhar uma nova arma na luta para se aproximar do filho. “Ele tinha doze anos e ainda dava muito trabalho quando entrou no esporte. Eu estava sedentário, fui ver como era aquilo, gostei e fiquei”, lembra ele. E deu certo! O condicionamento físico melhorou e a relação com Samuel hoje é completamente outra. “A gente treina junto, conversa sobre jiu-jitsu, vai pra competição junto também, participa de campeonatos, é muito bom”, garante o jovem atleta que, com essa declaração, emociona o papai Francisco. “Meu filho é um orgulho pra mim e é daqui pra melhor agora”, diz ele.
Quando nossa equipe já ia se despedindo, o seu Franscisco Sávio ainda quis falar mais alguma coisa – um recado aos pais: “Não desistam de seus filhos! Busquem um esporte e evitem que eles fiquem com um vazio na vida. É preciso preencher a mente deles, sempre”, aconselha. Essas e outras histórias do Projeto Pitbull Brothers Fortaleza você pode conhecer diretamente no local das aulas: Avenida Ministro Albuquerque Lima, 151 no Conjunto Ceará I, na capital cearense.
fotos: LC Moreira