Emerson Lucas ainda era estudante do curso de Educação Física quando decidiu dividir os seus conhecimentos e o gosto pelo tênis com crianças da periferia de Fortaleza. Ele percebeu que a cidade estava carente de um projeto social nessa modalidade esportiva.
O ano era 2014 quando começou a pesquisar sobre a Lei de Incentivo ao Esporte e viu o que era necessário para levar sua ideia adiante. Para isso, também contou com a ajuda de amigos e dos seus professores e foi assim que nasceu o Sacada Cidadã, que, no ano seguinte, foi aprovado no Ministério do Esporte. Conforme o regulamento, Lucas ainda teria que buscar o patrocínio – A Lei de Incentivo ao Esporte viabiliza pessoas físicas e jurídicas a incentivar projetos esportivos por meio de doações ou patrocínios, usando para isso um percentual a ser descontado do valor devido ao Imposto de Renda.
No final de 2015, um dos dirigentes do Banco do Nordeste entrou em contato com o educador físico interessado em financiar o projeto. “Eu não estava nem acreditando porque até então você teria que ter, pelo valor do projeto, o aporte de várias empresas e o banco resolveu dar mais de 70% do valor total”, contou. Eles fecharam um acordo para que esse financiamento seja por 10 meses.
O Sacada Cidadã começou em fevereiro de 2017 e deve seguir, a priori, até novembro. Ele é realizado na Associação Recreativa dos Empregados dos Correios, localizada na Serrinha. Lucas conhecia alguns associados dos Correios e falou do projeto. “Quando eu conversei com eles, eles me trouxeram até aqui nesse espaço. Eu vi esse campo, eu vi essa quadra e isso foi o que me deixou mais feliz. Quando eu vi essa quadra, eu fiquei encantado com isso. Eu disse: ‘vai ser aqui’”.
Depois de definido o local, o próximo passo era chamar as crianças para participar. Foi o que Lucas fez, conforme conta a primeira aluna, Luiza Girão, de 11 anos. “O professor Lucas passou na minha casa, nas escolas chamando as crianças para participarem do projeto”. Ela disse, ainda, que assistiu um jogo de tênis na TV e ficou fascinada pelo esporte. “Legal que a gente está aprendendo com brincadeiras”.
Dona Maria das Graças, avó e mãe de Luiza, disse que no começo a neta não queria muito, mas insistiu. “Não, minha filha, vá, é bom pra você, é um esporte, é coisa que você gosta”. “Mas, mãe, não tem ninguém”. “Mas vai aparecer”. Dona Maria estava certa. As crianças foram chegando e cerca de 35 jovens com idades entre 7 e 14 anos já são beneficiados pelo projeto.
A professora Kilveline Feijó está acostumada a trabalhar com projetos sociais. O Sacada Cidadã já é o segundo que participa. Ela destaca a importância desse tipo de trabalho para a própria comunidade onde ele acontece. “Um projeto desse aqui é muito bom. Eles ocupam o tempo ocioso. No contraturno, eles estudam de manhã, no lugar de estar na rua aprendendo o que não deve, eles estão aqui aprendendo tênis, que é uma modalidade muito bacana”, disse.
O idealizador do projeto destaca o impacto muito importante que esse trabalho tem na vida das crianças. “Normalmente um projeto dessa natureza ele não é visto apenas no esporte pelo esporte, mas, sim, uma questão de trazer essas crianças para uma socialização, para um espaço democrático, onde todos podem participar, onde todos possam interagir, onde todos possam opinar”. Dona Maria das Graças completa “com uma atividade esportiva ele aprende a se levantar, se reerguer, a ser uma nova pessoa”.
A professora Kilveline Feijó também se vê como aprendiz. “Eu não só ensino, eu aprendo com eles. Às vezes eu chego aqui com uma aula e eu saio com outro pensamento que eles, apesar de ser criança, que eu ensino de 7 a 14 anos, mas eles sabem muito”.
Para Emerson Lucas, realizar esse projeto promove, além da satisfação profissional, os seus valores que ele pode levar para essas crianças. “Tudo que posso levar através do tênis, mostrando para elas o respeito ao outro a questão das regras, poder respeitar as regras, a respeitar o colega, tendo uma formação cidadã, é muito gratificante. Não tem dinheiro que pague essa satisfação de poder ver essas crianças com raquete, bola e se transformando num cidadão”.
Para matricular uma criança o responsável por ela pode entrar em contato ou mesmo ir à sede, localizada na Associação Recreativa dos Empregados dos Correios, na Serrinha em Fortaleza, levando as documentações necessárias. No caso, declaração escolar, foto, comprovante de residência e o responsável precisa assinar um termo de compromisso com eles.
Com o patrocínio do BNB, os alunos têm direito a boné, camisa, tênis, além das raquetes e bolinhas. Mesmo assim, Emerson Lucas destacou a carência na questão da alimentação. É importante dar um lanche para essas crianças no período em que estão lá.
Entre em contato com o Projeto Sacada Cidadã e saiba como ajudar:
Contato: (85) 999.031.584
www.facebook.com/sacadacidada/