UMA SINFONIA FAZ A DIFERENÇA – FORTALEZA

UMA SINFONIA FAZ A DIFERENÇA – FORTALEZA

Minutos antes de subir ao palco, psicólogos, musicoterapeutas, voluntários, pais e suas crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) estavam apreensivos. Faltavam poucos instantes para começar o espetáculo “Azul da Cor do Mar – Uma Sinfonia Diferente”, no Teatro Via Sul. O espetáculo era a conclusão de uma convivência de mais de sete meses entre eles. E o nervosismo durou pouco, já que pais e filhos fizeram uma roda no chão, um dos músicos começou a puxar versos de cantigas de roda e todos começaram a cantar juntos.

André Brandalise foi um dos primeiros a trabalhar o teatro como recurso terapêutico, mas o musical ‘Sinfonia Diferente’, em Brasília, encabeçado pela musicoterapeuta Ana Caroline Steinkpof, ganhou repercussão nacional quando saiu no programa Fantástico (TV Globo). A partir daí, nasceu o desejo da presidente da Associação Fortaleza Azul (FAZ), Fernanda Cavalieri, de fazer algo assim na capital cearense. Foi esse o desafio que ela me propôs”, explica o cearense Bruno Verga, músico e especialista em musicoterapia.

Fernanda Cavalieri é mãe dos gêmeos Gustavo e Daniel, de cinco anos, ambos com TEA. Ela e o marido, Luiz Fábio, não poupam esforços para cuidar das crianças da melhor maneira possível. “Eles já tinham feito musicalização e adoravam. É visível como a música pode ajudá-los”, explica Fernanda.

Depois de topar o desafio, Bruno e Fernanda se juntaram e começaram a rascunhar o projeto deste musical, uma apresentação pública onde a cidade pudesse olhar com carinho e respeito para as crianças com autismo. Graças às parcerias, o projeto tomou forma e viveu diversas fases. 

Foram selecionados músicos especialistas em musicoterapia e estudantes de psicologia da UNIFOR (Universidade de Fortaleza) e da UFC (Universidade Federal do Ceará). Esta equipe, de aproximadamente 20 pessoas, contou com a orientação de Ana Caroline Steinkpof, que veio até Fortaleza para trocar ideias. Logo depois, foi feita uma seleção entre as crianças da FAZ para encontrar as que tinham mais familiaridade com a música, e 25 crianças formaram o elenco do musical. Diversas atividades como exercícios, ensaios e construção de instrumentos foram realizadas em conjunto. O projeto foi ganhando força e, além de ser uma apresentação musical, “Uma Sinfonia Diferente” também foi um marco para a musicoterapia no Estado.

“Com a visibilidade dos jornais, mídias e internet, o projeto atraiu o olhar da sociedade não apenas para o autista e sua família, mas também para a musicoterapia. Estamos dando os primeiros passos através da formação da primeira turma de musicoterapeutas no Ceará, além da realização de eventos e congressos que estão acontecendo por aqui” completa o musicoterapeuta Rodrigo Félix, outro integrante da equipe de músicos do espetáculo.

Além de Rodrigo, os musicoterapeutas Leila Albuquerque e Glairton Santiago, e o psicólogo e estudante de musicoterapia Adriano Prado formaram a equipe. Glairton ressalta que “o futuro da musicoterapia será de estabilidade, o que poderá ser visto a médio e longo prazo, na melhoria da qualidade de vida dos pacientes que tiverem musicoterapia como tratamento, bem como pela produção científica e difusão dessa profissão”.

A plateia lotou o teatro para ver um espetáculo que reuniu música, dedicação e muito amor. Músicas brasileiras e de domínio público predominaram com arranjos especiais para que todos pudessem participar. Destaque para o momento em que crianças e pais cantaram juntos no palco. Foram 35 minutos de muita emoção. Ao som de aplausos fortes, as cortinas se fecharam em contraponto ao futuro que se abre para novas possibilidades, no qual a música faz a diferença para cada criança autista e, sobretudo, para cada ser humano.

A Associação Fortaleza Azul – FAZ

A Associação Fortaleza Azul (FAZ) foi fundada em abril de 2015 com o intuito de conscientizar a sociedade e promover ações para mostrar as necessidades de direitos específicos dos portadores do TEA. Ela é a única associação formada apenas por famílias de pessoas com autismo no Ceará. Hoje, possuí mais de 90 associados. “As pessoas começam a observar as crianças com autismo com outros olhos e ver que eles são capazes sim de superar seus limites. É um desafio diário conviver com o autismo. Se não tiver amor e apoio de terapeutas, não somos capazes de superar determinadas barreiras. É aí que a música entra nisso”, vibra Fernanda Cavalieri, presidente da FAZ.

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