Futebol para mudar vidas: “Arnobão” – Aquiraz

Futebol para mudar vidas: “Arnobão” – Aquiraz

Para fazer a alegria da garotada, não é necessário muito. Um espaço aberto, uma bola e duas traves são o suficiente. Mas há quem sempre escolha fazer mais e investir em sonhos através do esporte e não é de hoje que essa prática é usada como meio de transformação social.

No bairro Tapuia, em Aquiraz, a Escolinha de futebol Arnobão tem feito a diferença na vida de crianças e adolescentes da cidade. Criado em 2011, o Projeto surgiu da “necessidade de oferecer lazer para a garotada e da vontade enorme de fazer algo pelo próximo”, explica Paulo Donato, um dos idealizadores da Escolinha.

A escolha do futebol veio da paixão que os idealizadores, Paulo e Claudio Nobre, têm por esse esporte, conforme relata Donato: “como joguei futebol profissional até os 22 anos, tenho base para passar o que aprendi e também sempre busco atualizações e continuo praticando de forma amadora. O Futebol é meu lazer predileto. Começamos o projeto como professores, eu e o Claudio, mas com o crescimento logo tivemos que trazer um profissional da área, o professor Marquinhos.”

E todo sábado à tarde é o mesmo cenário: meninos e meninas calçam as chuteiras, vestem o colete e praticam juntos no campinho. O treino é igual para todos, bem como a atenção e o respeito. Além disso, os alunos recebem apoio psicológico, motivacional e treinamentos com palestrantes convidados. “Nós oferecemos uma formação sociocultural, desenvolvemos trabalhos físicos e psíquicos, além de incentivá-los a ter um bom relacionamento com a família, com os amigos da escola e da comunidade”, explica o técnico Marcus Venícius Ferreira, mais conhecido como Marquinhos.

Com o lema “campeão na arte de aprender”, o método de treinamento busca usar o esporte como uma via educacional. Nesse quesito, com a competição em segundo plano e os estudos em primeiro lugar, o futebol tem dado de goleada. “Não basta jogar futebol, tem que estudar, tirar boas notas e ter bom comportamento em casa e na escola. A maior mudança é a disciplina”, ressalta Ferreira. 

O trabalho do técnico é voluntário e a recompensa é saber que está fazendo a diferença na vida dos jovens atletas. Sobre isso, Marquinhos afirma que realizar essa função é “a alegria maior do mundo. Estou aqui (Escolinha Arnobão) porque eu gosto e porque eu quero servir o próximo. Enquanto eu viver, eu estarei aqui.”

Assim o Projeto tem alcançado cada vez mais resultados positivos. “Dois ex-alunos nossos estão na universidade, outro está na escolinha base do Flamengo e têm dois aqui ajudando voluntariamente nos treinos”, fala o técnico, com orgulho em cada palavra. Outro fruto da Escolinha é o Carlos Henrique, que desde os 14 anos frequenta o campinho Arnobão. Hoje ele está com 18 anos e já no limite para sair, mas o sentimento de gratidão revela o desejo de continuar envolvido com o trabalho social. “Vou continuar no projeto, auxiliando. Mesmo se eu não tiver tempo, venho visitar para saber como estão”, diz com firmeza.

Carlos está entre os melhores alunos, tanto dentro como fora do campo. Graças a sua determinação, ele ganhou um computador do Projeto, após ficar em primeiro lugar num concurso de redação e afirma: “o futebol não é tudo! Tem a educação e a disciplina”.

O adolescente continua investindo na área cognitiva e, atualmente, é técnico em química, trabalha como auxiliar administrativo e quer ingressar na universidade para estudar Educação Física. Ciente dos desafios que irá enfrentar, ele carrega a convicção, os ensinamentos que aprendeu com seus mestres e repassa: “Nunca desista dos seus sonhos. Tenha fé, tenha determinação, disciplina e dedicação em tudo que você vai fazer”. Assim segue o jovem que encontrou no futebol uma forma de vencer no jogo da vida.

Diante do cenário de violência, a escolinha é uma fonte de esperança que faz do esporte um caminho distante da ociosidade e das drogas. “Espero que a Escolinha nunca acabe”, declara Regiane Firmino, mãe do aluno Anderson Santos, que vê no Arnobão oportunidades para vida de todos os jovens que participam.

O PROJETO

Tudo começou quando Paulo Donato e Claudio Nobre encontraram a necessidade de construir um espaço de socialização e esportivo para atender a comunidade Tapuia. A Escolinha – que carrega o nome do pai de Donato, Francisco Arnóbio Tavares Moreira, -começou atendendo 5 atletas, aos poucos foi atraindo mais jovens e crescendo. Atualmente, são 75 alunos batendo bola e a previsão para 2016 é ter mais de 100 jovens praticando a modalidade.

“Vejo o futebol como um elemento agregador da sociedade. Já fiz várias amizades através do esporte e continuo fazendo, então utilizo esta ferramenta como isca para agregar valores a comunidade de Tapuia, passando orientações não para transformar o jovem em jogador e sim em um cidadão de bem, se vier a se tornar um jogador será muito legal. Devagar vamos construindo um projeto do bem que hoje é super bem quisto na comunidade”, explica Paulo.

As aulas são gratuitas e a criança pode entrar no projeto a partir dos 9 anos de idade e ficar até os 18 anos recebendo suporte para vida. Porque na Escolinha Arnobão a jogada é essa: fazer do futebol um caminho seguro para cada aluno e torná-los cidadãos capacitados e do bem.

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